Frio homem metálico (não finallizado)

    - Está chovendo forte de novo e os meninos estão reclamando de fome desde quando se levantaram, ficam gritando e choramingando do sofá para chamarem minha atenção – disse a namorada vermelha de brava, cada vez mais aumentando o tom de voz pra falar com o namorado - e, quando eu mando eles calarem aquelas malditas bocas, os idiotas fazem cara feia e culpam as barrigas deles, que são elas que estão berrando de desespero e não eles e blá blá blá. Garotos mimados. Eles deviam saber que eu também não como há dias e que estou sofrendo mais do que os dois juntos – diminuiu a fala para mais baixa. – Vá logo arranjar mais comida – se virou para o namorado que estava de pé bem na frente dela - você também deve estar com o torço se distorcendo de tanto ronco, chegando a fazer eco. – terminou apontando para um balde prateado de altura média, meio fundo e vazio no canto do quarto dos dois, enquanto despencava as sobrancelhas novamente ouvindo os gritos das crianças na sala.
    Ele desceu as escadas do baixo prédio velho marrom-fosco, no qual vivia desde quando o seu primeiro filho nascera da primeira mulher que conheceu fora de casa, até o primeiro andar do edifício e então ficou de pé na beira do degrau que separava o prédio da rua, a qual estava afundada debaixo d’água da chuva que cobria toda a estrada e as calçadas da cidade. Ainda com o calcanhar dos sapatos sobre o degrau e o bico deles flutuando em cima do pequeno rio que a chuvarada vinha aumentando com o tempo, ele virou o rosto para frente e viu todos os robôs caminhando com longas botas de chuva e grandes guarda-chuvas sob o temporal cinza, outros vestiam capas de chuva gigantes com capuzes para protegerem-se dos pingos repentinos.
    O ambiente deixava tudo sem cor, mesmo que algumas vestimentas fossem de cores primárias. Logo ele levou o braço que segurava o balde ainda vazio para frente e afundou os sapatos na água rasa que deixava a estrada cinza azul-escura vista de fora d’água, para assim cruzar a pequena enchente até algum local ou bar que ainda vendesse mantimento, alimento para seres-humanos, os quais eram raros hoje em dia, com a maioria da civilização mundial tornando-se de máquinas ambulantes que enferrujavam se ingerissem ou tocassem água. Ele não se importou em molhar a ponta das calças cinza e deixá-las escuras, sua pele nem organismo não estragavam com o liquido aquoso que dominava os céus e pouco a pouco o chão da cidade de lata.

     

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